Celebrando a diversidade
Uma linda e agradável manhã de primavera. Sob a sombra
acolhedora de uma frondosa árvore de sucupira, típico do cerrado brasileiro,
começam a fluir as energias do planeta aquecendo os corações sob um manto de
belas cores estampadas nas vestimentas,
pinturas, adornos de dezenas de povos nativos das Américas, África, Ásia e
Europa.
A diferença de expressões, línguas, cantos e rituais é uma
amostra do quanto podem os povos indígenas e seus aliados iluminar a cegueira
do modelo de desenvolvimento capitalista que está
sendo imposto em nível mundial com violência e destruição que ameaça as condições de vida em nosso
planeta.
É muito oportuno que semelhante Assembleia mundial se
realize, neste momento no Brasil, pois
estamos passando por um momento de extrema violência e agressão aos direitos
dos povos indígenas, expressou uma das coordenadoras da Articulação dos Povos
Indígenas do Brasil-APIB. ‘Precisamos dar esse recado ao mundo e contribuir
com o clamor pelo direito à vida
da natureza.
Em torno de 150 representantes de povos originários de quatro
continentes iniciaram , no Centro de formação Vicente Canãs, em Luziânia, a
primeira Grande Assembleia da Aliança dos Guardiães da Mãe Natureza. A Assembleia
terminará dia 15 com a expectativa de se consolidar uma grande Aliança dos
Guardiões da Mãe Natureza como contribuição concreta dos povos indígenas para a
construção de um mundo em que todos os seres vivos possam viver em harmonia e
paz.
Será um grande momento de mostrar ao mundo novos caminhos de
esperança a partir dos povos originários, suas sabedorias milenares e
resistência secular.
Belas e fortes são as diferenças entre os milhares de povos
sobreviventes no mundo. É uma mostra de que é possível um outro mundo, onde os povos “Originários de todos os continentes...temos o
dever de construir pacificamente uma visão comum a fim de iluminar o futuro da
nossa humanidade. Gratidão de ter vindo participar da criação de uma aliança para a paz entre os
seres humanos e a Natureza”
A espiritualidade une nossas vidas e
nossas lutas
As manifestações rituais foram de uma beleza ímpar. Foram
unanimes em se unirem no espírito que
garante a sobrevivência dos povos, mesmo que se encontrem submetidos a graves
violências e extermínio, em todos os continentes. Desde o primeiro momento dessa
primeiro dia da Assembleia mundial dos povos originários foi a continuidade de
ações colonialistas, dominadores e invasoras dos territórios indígenas.
Estamos procurando descolonizar nossos filhos através de
nossa educação. Aporem o difícil é descolonizar os brancos, afirmou uma
liderança indígena norte americana. “Nossa luta
não é contra um governo, é contra um monstro muito maior que é o sistema
capitalista”
As manifestações e rituais se deram todas ressaltando a
necessidade de cuidar da Mãe Terra. E isso só nós povos originários com nossa
sabedoria e espiritualidade sabemos fazer. Nós amamos a mãe natureza cuidamos
dela e queremos construir essa grade aliança. Nas manifestações foram todas no
sentido de buscar de todas as formas construir essa grande união dos povos.
Foram impressionantes os ritos e manifestações espirituais
durante quase três horas, na sombra da árvore de sucupira. Apesar de todos os
cenários de violência e destruição que marca a atual realidade em todos os
continentes, houve manifestações de esperança e desejo de contribuir para
salvar a natureza, a humanidade.
Egon Heck fotos Laila/Cimi
Brasilia, 11 de outubro de 2017